sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Finais Sec. XIX, início do XX: Manuel Dias Ferreira

Ateu e activista republicano em Portalegre



     Nasceu a 30 de Março de 1866, em Ferreira do Zêzere. Filho de Manuel Dias e Felícia Maria de Jesus. Neto paterno de Teodoro José Dias e Francisca Maria (ou Antónia) Dias e materno de Joaquim da Silva Mouga e Maria Angélica. Foi baptizado na Igreja Paroquial de S. Miguel, Ferreira do Zêzere, a 17 de Abril de 1866.

     A família teria negócios em Portalegre, por isso passou a infância entre Ferreira do Zêzere e Portalegre. Em Portalegre moravam na Rua do Mercado.

     Em 1885, com 18 anos, era albardeiro, seleiro e correeiro.
     A 14 de Fevereiro do mesmo ano é, pela primeira vez, testemunha no registo civil de nascimento de um filho de José Marques Lemos, ferreiro, e de Isabel da Piedade. Assina apenas como Manuel Dias.  Em Novembro do mesmo ano era novamente testemunha desta vez de um filho de João Mendes Mourato, jornaleiro, e Carolina da Encarnação. É testemunha de diversos filhos destes casais e ainda de filhos de Joaquim Marques Lemos, empregado no comércio, e Rosa Dias Lemos, de José Alexandre, Guarda Fiscal reformado e Deodata da Conceição Brito, de Sebastião Victorino Bragança, maquinista e Leonor Maria, de José Dias Garção, colchoeiro, e Maria de Jesus Garção e de Alfredo Augusto do Amaral, professor primário, e Luísa Adelaide Vieira do Amaral.. Mas a partir de 1889, 3ª vez que testemunha, passa a assinar como Manuel Dias Ferreira. Ao longo da vida foi testemunha de diversos nascimentos civis. O que leva a crer que se desse com ateus.

      A 10 de Novembro de 1892 casa, em cerimónia religiosa, na Sé de Portalegre, com Maria das Dores Carvalho. E vão morar para o nº20 da mesma Rua do Mercado, freguesia da Sé.
   
     A 1 de Setembro de 1894 nasce a primeira filha, Fernanda de Carvalho Dias Ferreira. Que é baptizada na Sé de Portalegre. Esta é a única filha que baptiza. A partir desta data não volta a baptizar filhos o que me leva a crer que terá começado a ter dúvidas relativamente à sua fé, tornando-se ateu.
     Por volta de Maio de 1900 nasceu o filho Joaquim de Carvalho Dias Ferreira, que morre aos 18 meses a 26 de Novembro de 1901.

     A 31 de Dezembro de 1904 nasceu a filha Amélia de Carvalho Dias Ferreira.
   
     Era um activista republicano e em 1906, com 40 anos, aparece como um dos fundadores do Centro Democrático de Portalegre. Passando a fazer parte integrante da Comissão Organizadora eleita com 120 votos que tinha como objectivo divulgar e promover propaganda republicada, entre outras acções. Desta comissão, além do Manuel, faziam parte António Subtil de Andrade, Joaquim Marques Lemos, José Avelino Facha, Frederico Porto e Fernando Martins Costa, efectivos, auxiliados por Manuel Dias Ferreira, José Maria Tavares, Manuel Inocêncio de Miranda, António dos Anjos Mourão e Manuel Joaquim Madeira.

     Em 1906 nascia a sua filha Maria de Carvalho Dias Ferreira.
     A 13 de Dezembro do mesmo ano nascia o filho José Dias Ferreira, que morreu em Maio do ano seguinte.

     Em Dezembro de 1907 é eleita a nova Direcção do Centro Democrático de Portalegre que passa a ser constituída por António Rodrigues Curvelo, Apolino Augusto Marques, Manuel Dias Ferreira, dr. José da Rocha de Pina Corte Real e Rodrigo Boaventura de Matos.

     Em 1908 nas eleições municipais o Partido Republicano de Portalegre (PRP) apresenta-se com uma lista encabeçada por Pedro Castro da Silveira, com António José Lourinho, Adelino do Carmo Brito, Manuel Dias Ferreira, Manuel Maria Ceia, Álvaro Coelho Sampaio, Sebastião Vitorino Bragança, Manuel Geraldo Cassola e João Lopes de Oliveira Santos. Não têm muitos votos.

     Em Janeiro de 1909 deslocaram-se a Alegrete 7 carros com membros do PRP para um comício a que assistiram cerca de 600 pessoas. Manuel Dias Ferreira, com 42 anos, foi um dos oradores, e também Bernardo Sousa Ramos, Fernando Costa e Baltasar Teixeira.

     A 14 de Março do mesmo ano Foi orador num comício na Ribeira de Nisa, ao qual assistiram cerca de 300 pessoas. Com ele falaram também Sebastião Bragança e Baltasar Teixeira.

    Em Julho de 1909 é secretário, com Álvaro Sampaio, numa reunião para escolha dos dirigentes do PRP para as legislativas, sob a presidência de Pedro Castro da Silveira.

     A 15 de Agosto de 1910, com 44 anos, presidiu a um comício, do qual foi também orador, em Alegrete. Ao mesmo assistiram entre 400 a 500 pessoas. Foi secretariado por José Joaquim de Brito e Joaquim Redondo, comerciante. Além de Manuel Dias Ferreira, falaram Baltasar Teixeira, José António Lopes, de Arronches e João Camoesas, de Elvas.

     A 12 de Outubro de 1910, após a imposição da república, foram investidos na posse de Administração do Município António José Lourinho, Presidente, João Lopes de Oliveira Santos, Adelino do Carmo Brito, António Augusto Niny, Manuel Dias Ferreira, Mateus José Coelho, Tiago Henrique Morgado, Joaquim de Almeida e Manuel Campos Chica.  

    A partir do dia 16 do mesmo mês e ano torna-se Responsável do pelouro Expostos e Asilo da
  Comissão Municipal de Portalegre.

    A 14 de Novembro de 1911 nasce o filho Manuel Dias de Carvalho Ferreira, que casou com Maria Meira e faleceu em Vale de Cambra em 1985.

    Morreu, de doença prolongada, a 15 de Janeiro de 1930.

Obituário









Baptismo

Registo de Casamento (parte 1 e 2)


Escreveu diversas cartas a Arnaldo de Carvalho, do Directório Republicano de Portugal, para obter apoio para os diversos comícios e propaganda nos quais participou:







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