Tenho uma história, num ramo lateral da minha árvore, que me tem tomado algum tempo de pesquisa por me parecer tão interessante. Já em tempos falei da história, mas agora que a tenho mais completa, gostava de a partilhar convosco de novo, até porque pode ser que alguém tenha dados sobre esta familiar que me ajude a completar a história, ou que a minha pesquisa possa ajudar alguém. Falo de Maria Eugénia Reya Campos (aparece também como Maria Cerqueira Reya Campos, e já vi uma Maria Catarina Reya Campos que me parece ser a mesma, pois é fotógrafa também), auto-denominada primeira fotógrafa portuguesa. Nasceu em Espanha, Valência de Alcântara cerca de 1843. Era filha de João Mimoso, natural de Marvão e de Maria Campos Mena, de Valência de Alcântara. Jovem apaixonou-se por um tio-trisavô meu, fotógrafo (Fotógrafo da Casa Real) António Serra e com ele desenvolveu o gosto pela fotografia. Dessa paixão surgiu um filho que foi deixado no hospício da cidade de Portalegre, no dia 7 de Setembro de 1864, quando ela tinha 21 anos, e o António Serra, 23. Encontrei numa tese de doutoramento, que ela terá ido buscar o filho um dia depois ao hospício, não encontro qualquer registo que mo confirme, o que tenho é o registo de baptismo da criança, a quem foi dado o nome de José Maria de Jesus, com pais incógnitos, e, em 1876 quando a criança tinha 11 anos, e ela 33, foi perfilhado pela mãe ficando registado com o nome José Maria de Jesus Reya Campos. Na altura já ela tinha a carreira lançada. Estúdios em Évora e Portalegre e continuava solteira. O pai da criança, o meu tio-trisavô, casou entretanto, em 1871, com 29 anos, com uma viúva endinheirada de Castelo de Vide, com 45 anos, Dona Maria Xavier Abelho (que enviuvou quando tinha 21 anos, não encontrei filhos desse primeiro casamento).
Em 1881, Maria Eugénia mora em Lisboa e tem lá estúdio.
Em 1884, António Serra, com 42, finalmente reconhece o filho, agora com 19 anos, que aparece registado como José Maria de Jesus Reya Campos Serra, embora o filho nunca use o Serra. Este filho, forma-se como farmacêutico e em 1897 casa, em Lisboa, com Amélia Reya Machado, também ela deixada no hospício, sendo mais tarde reconhecida pela mãe, Isabel Reya Campos, de Valência de Alcântara, que calculo seja familiar da Maria Eugénia e prima (?) do marido. Este casal teve uma filha um ano depois e a avó, a fotógrafa Maria Eugénia Reya Campos surge como madrinha da criança e viúva. Terá, por isso casado no intervalo (procuro agora este casamento, não sei com quem, nem onde terá casado, provavelmente em Lisboa).
Passo agora resumidamente ao António Serra. Tinha estúdios em diversas cidades (ou ia a diversas cidades temporariamente tirar fotos – ela a mesma coisa - ) e defendia as ideias republicanas sendo colaborador Revista "Galeria Repúblicana". Em 1908 morreu a sua mulher, com 82 anos, em Castelo de Vide, mas nada me indica que ele lá morasse, penso até que por essa altura tinha estúdio em Lisboa, por isso ou viviam separados, ou quando adoeceu ela terá ido para lá para morrer na sua terra. Em 1909, com 68, ele volta a casar, desta vez com uma solteirona endinheirada, Dona Adelaide Augusta Saraiva do Valle Abrantes, que tinha 60 anos.
Não sei mais nada dele, ainda não descobri o registo de óbito (e quero descobrir para tirar várias dúvidas), mas volto à Maria José Reya Campos:
Ela morre de septicemia em 1917. No registo de óbito dela aparece como viúva do António Serra! E é isto que quero deslindar. Terá ele enviuvado 2ª vez e no final da vida terá casado com a rapariga com quem teve um filho aos 23 anos e que com ele partilhou a paixão pela fotografia? Terão eles casado por dinheiro (o que no caso dele me parece viável, ela não sei com quem casou) e ter-se-ão mantido amantes, o que não era difícil pois ambos viajavam muito devido à profissão que tinham, tendo casado no final da vida? Não sei, mas quero ver se consigo descobrir...
Sem comentários:
Enviar um comentário